Apesar de as escolas públicas conterem em sua grade curricular o Ensino Religioso, penso que esta tarefa deveria ser de exclusiva responsabilidade dos pais e da família da criança, já que não há "democracia". Opção religiosa é um assunto muito pessoal, assim como partido político ou time de futebol. Apesar de discutirmos política nas aulas de história e de jogarmos futebol nas aulas de educação física, ninguém nos diz na escola o que devemos pensar, para qual time torcer ou ainda qual candidato deve ganhar a eleição. Se as escolas oferecessem um estudo sobre as diversas religiões, tudo bem.
Acho que a disciplina de Ensino Religioso deveria mudar seu nome e foco para Ética e Cidadania, coisas que são muitíssimo importantes e que faltam na Educação formal. Ou ainda uma disciplina exclusiva para serem abordados os temas transversais que são importantes para a formação do aluno. Espiritualidade é coisa seríssima, mas uma escolha muito pessoal. Da forma como é abordada na escola, causa desconforto e preconceito para com as diferença.
O assunto do momento não é a inclusão? É. Mas todos sabemos que a realidade não é esta. Muitos alunos sofrem com o preconceito nas escolas, eu mesma já fui rotulada de “macumbeira”. Tive que excluir alguns alunos do orkut e restringir meus álbuns de fotos.
Por outro lado, é preciso que cuidemos para não nos tornarmos fanáticos. Tive uma aluna que não pode assistir com os colegas o filme do “Harry Potter” porque bruxaria “é coisa do demônio”. Creio que nesta guerra entre o que deveria ser ou o que a gente pensa e o que realmente acontece nas escolas é imprescindível manter o bom senso.
Educação domiciliar? Bem, educação religiosa eu sou totalmente a favor, porém sobre as demais especializações, penso que devemos refletir mais sobre isto, pois por mais que saibamos um pouco de cada assunto, será que somos tão polivalentes assim à ponto de podermos educar uma criança sozinhos?
Para os pais e alunos que sofrem com a incompreensão nas escolas, recomendo que deem uma olhada no “Manual para professores de escolas comuns que têm crianças pagãs” no link http://www.magiadasbrumas.com.br/paga-familia/manual-para-professores.htm
W. Lyon Martin, uma pagã americana, escreve livros infantis pagãos e em seu livro “An Ordinary Girl a Magical Child” (Uma garota comum a criança mágica) conta uma passagem em que sua filha sofreu preconceito dos colegas ao falar sobre Imbolc no dia em que os colegas conheciam como “dia da marmota”. Ela conta:
“Bem”, começou “a professora nos ensinou sobre o dia da marmota hoje. Mas antes perguntou se alguém sabia que dia era esse. Eu levantei a mão. Ela me escolheu, eu estava tão excitada porque nós plantamos nossas sementes hoje, eu disse “Imbolc”. Todos riram de mim. Ninguém tinha ouvido falar de Imbolc, nem a professora. Ela pediu que eu explicasse mas não pude porque todos estava rindo. Eu comecei a chorar. A professora tentou fazer todos pararem. Eu disse a eles que não era cristã. Que eu tinha outras celebrações. Foi quando Tim e John começaram a dizer que eu não acreditava em Deus. Eles disseram que eu ia para um lugar ruim quando morresse.” *
Bem, Martin instrui sua filha a dizer que acredita sim em Deus, mas que acredita na Deusa também e que Eles a amavam porque era uma menina boa, que respeitava seus pais e as demais pessoas e que Eles nunca a mandariam para um lugar ruim. Martin nos mostra que é importante instruir os filhos para que eles saibam defender-se de acusações absurdas. Na ocasião a menina tinha sete anos, idade da minha filha e idade em que se dá a alfabetização. É uma época ótima para inserir alguns conceitos para que a criança não passe por uma saia justa. Claro que em casos extremos deve haver interferência dos pais.
Minha filha se sentia desconfortável quando a professora do ano passado fazia a turma rezar o "Santo-anjo" e ela dizia que ficava em silêncio. Apesar da professora ter conhecimento de que nossa crença não é a cristã, insistia, e inclusive mandou para casa um dia uma atividade intitulada “cristãozinho”. Eu perguntei para minha filha se ela não gostaria de levar para a aula o seu livrinho de orações, que eu mesma tenho escrito a mão. Ela adorou a idéia e levou mesmo. Depois veio toda faceira contando que a professora leu uma de suas orações e que os colegas adoraram...
Viva a diversidade!
* Tradução livre de Flora Zabella